domingo, 15 de maio de 2011

Fracasso Escolar

Por Priscila Genaro
Por que o aluno não aprende?
Esta pergunta é uma constante em toda esfera educativa, junto com esta questão há busca pelos culpados.
            Tedesco (1998) atribui o fracasso escolar ao dinamismo na produção do conhecimento e rapidez das informações nos meios de comunicação,  gerando a falta de curiosidade, a incapacidade de socialização da escola atual, a massificação da educação, a perda do prestígio dos profissionais da educação e da família. Desta forma a crise educacional, pode se afirmar, é causada pelo déficit de socialização.
Collares e Moyses (1994) consideram um agravante no fracasso escolar a patologização da aprendizagem, o aluno por ser disléxo ou desnutrido é rotulado e introjetando a patologia em sua forma de viver acarretando diversos problemas em sua vida escolar futura. A distinção entre dislexia e má alfabetização é muito difícil sendo necessário o auxílio de um profissional e muitos testes, no entanto muitos diagnósticos precoces são estigmatizados. Como também é difícil separar a desnutrição dos demais problemas sócio-econômicos. Os autores ainda afirmam que diversas pesquisas comprovam que somente a desnutrição grave nos primeiros anos de vida seguida por vários anos afeta o desenvolvimento cognitivo. Outro ponto importante para o fracasso escolar e a busca de diagnósticos sem espaço para a busca de soluções, após diagnosticado o aluno não é mais foco de atenção dos profissionais da escola, há a transferência de responsabilidade do profissional da educação para o profissional da saúde, esta ação desloca o eixo da questão de um problema coletivo, a não aprendizagem, para um problema particular patológico do aluno, contribuindo para um sistema educacional falho.
Uhle (1994) atribui o fracasso escolar e o abandono escolar ao fato do cotidiano escolar ter incorporado a violência como meio de atingir seus objetivos. A violência implícita ou explicita esta estabelecida nas relações interpessoais quer aluno/aluno quer profissional/aluno. A violência está institucionalizada quando pode ser verificado no Estatuto do Magistério Paulista atribuição plena de poderes do professor e os demais funcionários da escola em relação ao aluno, no cargo de inspetor de aluno são usados os termos controlar e informar nas atribuições de função. Ao excluir o aluno da responsabilidade sobre si, através de vigilância e controle a educação está fadada ao fracasso por estimular o desinteresse e apatia pela ação educadora.
D’Ambrosio (2001) alega que o professor repetidor é o foco do desinteresse e evasão escolar, com a tecnologia existente houve a democratização do conhecimento, ao passo que este tipo de professor perdeu espaço para os vídeos, CD-Rom, internet, televisão e outros meios de comunicação. O professor necessita agir como pesquisador e criador de novos conhecimentos, incentivos e estímulos ao aluno para que este se sinta capaz de questionar e criar sobre o que já existe.
Para Charlot (2000) o fracasso escolar não existe, não há como estuda-lo, pois não é objeto visto, que não é analisável, quando um aluno não atinge a nota esperada não significa que fracassou mas que não entendeu o proposto, quando um grupo de alunos ficam com notas abaixo da média significa que a metodologia proposta não foi adequada. Sendo assim o que é chamado fracasso escolar pode ser nomeado como a diferença entre o esperado e o obtido. 

Referencias Bibliográficas:
TEDESCO, J. C, O novo Pacto Educativo, tradução Otacílio Ramos, São Paulo, Ática, 1998.  
              JOLIBERT, J. (coord.), Formando Crianças Leitoras, Tradução de Bruno C. Magne, Porto Alegre, Artes Médicas, 1994.
                  D’AMBROSIO, U, Transdisciplinariedade, 2ª edição, São Paulo, Palas Atenas, 2001.
                CHARLOT, B, Da Relação Com o Saber: Elementos Para Uma Teoria, Tradução de Bruno Magne, Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2000.



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