quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Educar para resiliência

Neste blog costumo postar textos de minha autoria, mas este é muito interessante ler na integra.

O conceito de resiliência 
Ramiro Marques 

 Resiliência vem do latim, resilio, que significa ressaltar. O termo foi adoptado pelas ciências sociais para caracterizar as pessoas que conseguem resistir e ultrapassar as adversidades, apesar de estarem expostas a ambientes adversos. Ser resiliente é “desenvolver as capacidades físicas ou fisiológicas conducentes a determinados níveis de endurance  física ou psicológica e até a uma certa imunidade que lhe possibilite a aquisição de novas competências de acção, que lhe permita adaptar-se melhor a  uma realidade cada vez mais imprevisível e agir adequada e rapidamente sobre ela resolvendo os problemas que esta lhe coloca” (1). 
 Rutter (2), um dos autores que mais estudou a resiliência, afirma que ela se caracteriza por um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam ter uma vida saudável num meio adverso. Esses processos desenvolvem-se através do tempo e resultam da influência da família, dos suportes sociais e da educação. 
 Os autores que têm estudado  a resiliência concordam com a existência das seguintes características: é uma capacidade que põe em jogo mecanismos de protecção; é uma capacidade que permite enfrentar positivamente as adversidades e os factores indutores de stresse; faz parte de um processo evolutivo que pode ser promovido em todas as fases do ciclo vital. 
 A educação para a resiliência tem de começar na infância. Master e Garmezy (3) identificaram os seguintes factores de protecção considerados importantes no desenvolvimento da resiliência: orientação social positiva, auto-estima elevada, coesão familiar, presença continuada de adultos significantes e rede social de 
apoio bem definida e actuante. Podemos identificar as seguintes características nas crianças resilientes: sociabilidade, inteligência, competências de comunicação e locus de controlo interno, laços afectivos familiares fortes e sistemas sociais de suporte actuantes, na família, no bairro, na escola e na igreja. 
 Na ausência de laços afectivos familiares fortes e de sistemas de suporte social, cabe à escola um papel fundamental na educação para a resiliência. Os professores devem ser ensinados a compreenderam a importância da resiliência e as estratégias para a promover e o ambiente educativo escolar deve proporcionar 
oportunidades para que o aluno desenvolva os factores protectores e saiba lidar com situações stressantes e com as adversidades (4). 

Notas 
1) Jorge, A. (2007). Resiliência en estudiantes de enfermería. Tese de doutoramento. Universidade da Extremadura 
2) Rutter, M. (1991).  Some conceptual considerations. Fostering Resilience Conference. Washington DC: Institute for Mental Health Initiatives 
3) Masten, A. e Garmezy, N.  (1985). Risk, vulnerability and protective factors in development psychopathology. In Lahey, 
B. e Kadzin, A. (Eds).  Advances in clinical psychology. Nova Iorque: Plenum 
4) Para quem quiser aprofundar  o assunto, aconselho o livro: Jardim, J. e Pereira, A. (2006).  Competências pessoais e 
sociais. Um guia prático para a mudança positiva. Porto: 
Edições Asa 

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